23 de julho de 2012

                             A Primeira vez em Jaraguá do Sul
A primeira vez que estive aqui em Jaraguá, foi em 1959, aos 7 anos de idade. Morava em Curitiba e passei por aqui indo para Timbó, junto com meu pai que ia visitar seus pais e irmãos que não via desde que voltou da guerra em 1945. A viagem durava, na época, mais de 6 horas com o ônibus da Penha sacolejando pela estrada de chão, serra sinuosa, muitas paradas, buracos pra dedéu. Lembro que quando o busão entrou na ponte coberta Abdon Batista(hoje só tem o pilar central no meio do rio), fiquei pasmo porque nunca tinha visto um rio e pra mim, o Itapocu pareceu gigante. Passamos a Mal. Floriano e quando entramos na Getúlio Vargas, rumo à estação rodoviária, começou à buzinar anunciando a sua chegada, só parando no própio terminal. A vida meio que girava em torno da estação do trem e da parada dos ônibus. A Br 101 ainda não existia e todos os brasileiros que viajavam do Rio Grande do Sul para qualquer lugar acima de Santa Catarina, passavam por aqui, e vice versa. Então, as duas estações bombavam. Os que vinham do norte, vinham de trem de Curitiba e pegavam o ônibus aqui para o Rio Grande. Imagina só o burburinho,uma fauna  estranha de estranhos indo e vindo  e o povo daqui tava alí pra ver quem vai chorar, quem vai sorrir, quem vai ficar e quem vai partir e já é vem fumegando e apitando e avisando os que sabem do trem.Lembro dos troles ao lado da estação e construções de madeira, mais acima o estabelecimento dos Breithaupt e o Bar Catarinense. Fiquei impregnado daquilo tudo sem saber que um dia aqui seria a minha cidade. Fomos embora rumo à Timbo e no meio da viagem, meu pai ficou sabendo que seus pais e dois irmãos já haviam morrido. Tristeza, mais uma sequela da guerra. Fomos só até Blumenau e lá ficamos na casa de meus tios Ernesto e Imi Bach e meus primos Ernério e Ernilton. Na casa de dois pisos, as marcas da última enchente, fotos de barcos saindo pela janela do segundo piso. Todas essas imagens iriam voltar pra mi ha vida como num caleidoscópio 5 anos depois.

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