6 de junho de 2012

BLACK METAL – A EXTREMA RAMIFICAÇÃO PARTE II - por Murilo Soares


Resolvi dividir a entrevista com Blackbangers em duas partes. Seguindo a mesma linha de “Black Metal – A Extrema Ramificação” realizei uma entrevista com outro grande amigo meu, conhecido no meio headbanger por Blasfemador. Um dos grandes responsáveis por ajudar na cena headbanger da região, sendo membro fundador da Horda do Dragão, grupo que ajuda na divulgação e organização de shows de Heavy Metal da nossa região. 

Murilo: Hail Blasfemador, obrigado por participar da entrevista! Em quais bandas você já tocou? 

Blasfemador: Impiedoso, Fúria e Oculto. 

Murilo: O Black Metal é mais do que uma vertente do heavy metal tradicional, ele acaba adquirindo uma forma de ramificação filosófica por parte das pessoas que apreciam esse tipo de som, o que você poderia dizer sobre esse gênero musical e toda a filosofia empregada? 

Blasfemador: O Black Metal não é apenas música. Aqueles que REALMENTE fazem
parte do movimento não apenas curtem o som ou são fãs de bandas, nós vivemos tudo isso. Minha opinião sobre isso é que quem vive o movimento, trabalha para fortalecer ele. Ao contrario de buscar promoção própria, lucro ou qualquer tipo de coisa egoísta destas. Nós curtimos som e tocamos porque acreditamos nisso. Enquanto restar um verdadeiro Headbanger o Metal verdadeiro e o Black Metal estarão aqui para esmagar os dogmas cristãos. 

Murilo: Como você conheceu e foi integrado à cena Black Metal de Jaraguá do Sul? 

Blasfemador: A cena aqui da nossa região nos remete aos anos 80, quando já existia uma galera que curtia Thrash Metal. Inclusive naquela época o Korzus chegou a tocar aqui em Jaraguá do Sul, no ginásio Arthur Muller. Na minha época - isso na segunda metade dos anos 90 - existia aqui em Jaraguá do Sul uma loja rock/metal chamada “Abrigo Nuclear” e obviamente o Curupira que em 92 promoveu o primeiro show de Black Metal com o Amem Corner, Scorner e Goatpennis. Eu morava em Corupá quando comecei a curtir som, escutando Sepultura quando eu tinha 13 anos, mas o movimento era bem mais radical que é hoje em dia. O cara tinha que cuidar onde andava com uma camisa de banda. Se um dos caras das antigas te questionasse algo sobre a banda da qual você estava usando a camiseta e tu não soubesse responder era possível levar umas porradas, por isso eu sempre procurava comprar uma fita e conhecer a banda antes de me bobiar por ai. Aqui em Jaraguá eu estudei com o falecido Sexta em 1998 (que foi um irmão e um verdadeiro Headbanger) e em 2000 conheci o Impiedoso com quem toquei um tempo. 

Murilo: Quais as bandas da cena regional que podem ser destacadas durante esses anos? 

Blasfemador: Aqui em Jaraguá do Sul tivemos no início dos anos 90 o Imperium Tenebrae e o Oculto, essa última ainda na ativa e no final dessa mesma década o Impiedoso que também está na ativa. Mais recentemente posso citar o Unholy Horde. Considerando a região em si temos que citar as bandas de Joinville Vomit, Virgu Sacrum, Impuro e Luciferiano (todas fundadas pelo Cabonge), temos o Abissal de São Francisco do Sul, o Sondamned (Death Metal) de Guaramirim, o Accubitorium de Gaspar, o Sacrilegium (Death Metal) e o Scorner (Death Metal) de Rio Negrinho, o Goatpennis, Nox Aderath e Ar da Desgraça de Blumenau, o Caifás, Império do Ódio e Worrior of Metal de Mafra. Deve ter alguma que me fugiu da memória. Na verdade o movimento aqui não é formado só pelas nossas bandas ou o nosso pessoal, mas por toda a galera e bandas que vem pra cá e tocam na maioria das vezes com recursos próprios. Isso sim é Black Metal. 



Murilo: Como e quando correu a idéia de agregar uma equipe para ajudar na cena headbanger da região com a criação da Horda do Dragão?

Blasfemador: A Horda do Dragão foi criada dia 03/12/2006, pelo Nahash (Impiedoso), Azoth (Impiedoso), Paulo (Fúria) e eu. Trocamos umas idéias na minha casa, as filtramos e no final decidimos agregar 9 pessoas para a organização da Horda e convidar como integrantes aqueles que nós conhecíamos e confiávamos como sendo verdadeiros Headbangers. O grande objetivo da Horda é o fortalecimento do movimento Headbanger na nossa região, organizando eventos, ajudando na divulgação e apoiando os eventos realizados por outras pessoas, mas principalmente reforçando o elo de camaradagem entre a galera.


Murilo: Como foi manter a Horda durante todos esses anos? 

Blasfemador: Como na resposta anterior nosso foco era no movimento, porém vimos que a realidade é diferente do que se planeja. Nunca visamos o lucro próprio. Para ter uma idéia a gente trabalhava para organizar, instalar a aparelhagem (ela foi montada pelo Azoth com recursos próprios dele para a Horda), tínhamos que cuidar do bar, da portaria, e depois tínhamos que recolher tudo, não dava nem pra curtir todos os shows, a gente tinha que se revezar, e ainda nós pagávamos pela bebida que consumíamos, e em alguns shows nós pagávamos entrada para nós e para as nossas mulheres (foi assim no show do Besatt por exemplo), isso pra conseguir arcar com os custos que não são poucos. Detalhe, nós pagávamos mensalidade também, quem organiza sabe que é foda e o pior não era isso, o pior é saber que tem uns filhos da puta que não apoiam merda nenhuma e ainda falam mal do nosso trabalho. Isso acabou ofuscando nosso trabalho e ficou difícil trampar daquela forma, mas o que fizemos vale a pena. 

Murilo: A Horda do Dragão está na ativa? Quem faz parte hoje da mesma?

Blasfemador: A Horda nunca vai morrer enquanto nós estivermos aqui, porém como
comentei antes ficou difícil trabalhar daquela forma, mas iremos sim organizar outros eventos, porém vamos mudar um pouco o foco. Nós iremos organizar um show sem cobrar entrada, como uma festa mesmo, no dia 21 de Julho. Tocarão bandas locais e será utilizada a nossa aparelhagem pra reduzir os custos, será numa chácara de um camarada, em breve divulgaremos o cartaz com os detalhes. Quanto à segunda pergunta, consideramos todos que participaram e ajudaram naquela época como integrantes da Horda, e conforme surge à necessidade nós chamamos alguns pra dar uma força na organização. 

Murilo: O que você acha da cena Black Metal atual do nosso Estado e da nossa região? 

Blasfemador: Obviamente a coisa muda ano após ano, mas o grande ponto que
provocou mudanças na cena foi a popularização da internet depois de 2000. As informações correm rápido e com muita facilidade, o que reduz a aura obscura que existe nas coisas, por exemplo, nas antigas existiam rumores de vídeos do Mayhem da época do Dead e o pessoal comentava que um ou outro cara tinha isso em Minas Gerais ou São Paulo e tal, hoje tu procura nessa porra de youtube e ta lá a parada... tem o lado bom que a gente que talvez nunca veria conseguimos acesso, mas o problema é que qualquer cristão pode acessar e assistir também, isso deixa o cara fudido da cara mas não temos como lutar contra isso. O fato é que quem curte de verdade Black Metal não fica atrás de um computador o dia todo fingindo que é fudidão para o pessoal dos sites de relacionamento, quem curte apóia o movimento, vai nos shows, compra cd, dvd, vinil original das bandas, enche a cara com os camaradas e se precisar até sai na porrada para defender seus ideais e camaradas. Quanto ao nosso Estado, conheço uma galera por ai a fora e daqui, e na minha opinião o movimento é sólido do jeito que deve ser, o movimento não precisa de milhares de pessoas com cabeça oca e sim de algumas pessoas reais. Aqui na região de Jaraguá temos o grande privilégio de ter o Curupira em Guaramirim, que na minha opinião é o lugar de shows mais fudido que eu já estive, e a nossa galera apesar de uma ou outra merda é unida.

Murilo: Quais bandas do gênero você pode destacar para quem está curioso a conhecer o Black Metal? 

Blasfemador: Para ser sincero, eu não recomendo nada pra ninguém. O Black Metal não é um cardápio pra ler e escolher, quem assiste um show (ao vivo não na internet) vai sair de lá curtindo ou não, tive o desprazer de conhecer caras que iam na onda dos outros dizendo que curte isso e aquilo só porque queriam impressionar e agora estão se ajoelhando na barra da saia de um padre, pastor ou sei lá que porra.

Murilo: Blasfemador, muito obrigado pela entrevista, fica ai um espaço para você dar um recado para o pessoal. Hail!! 

Blasfemador: O verdadeiro Blackbanger não é formado por um monte de material, pelo visual ou por banda nenhuma, e sim pela fidelidade aos seus ideais, nós somos livres não temos correntes religiosas que nos prendam, somos o que somos porque acreditamos nisso e enquanto um de nós viver ergueremos a bandeira do Black Metal. 

Hail Black Metal, Hail Horda do Dragão.

por Murilo Soares.


1 comentários:

Seria bom se tivesse a data da matéria, né. Assim fica difícil.

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