12 de abril de 2013

A criança que foste, teria orgulho do adulto que és? - por Patrícia Grah




Eis que me pego fazendo esta pergunta... 

Em nossa infância, muitos de nós sonhávamos e imaginávamos – a partir do nosso conceito de felicidade - que quando adultos seríamos extremamente realizados e bem sucedidos: teríamos uma casinha, saberíamos dirigir e sendo assim poderíamos levar as pessoas para passeios e viagens super divertidas, compraríamos carrinhos de controle dos modelos mais top’s para brincar com nossos filhos, seríamos elegantes por termos um trabalho e escolhermos o que desejássemos para comprar no supermercado e usaríamos a roupa que quiséssemos. 

Porém, ao alcançar este estágio da vida, acabamos por ter aquela sensação de impotência, de a vida não ser “tudo aquilo”. Sentimos que quanto mais nos dedicamos e lutamos por nossos sonhos, mais longe do nosso ideal chegamos. Mas existe uma desculpa, ou melhor, uma explicação para esta insatisfação: crianças são puras e se satisfazem somente com o que realmente importa! Para elas, uma família, um dinheirinho para comprar um doce e um brinquedo de vez em quando basta. Um carinho da mãe ou uma brincadeira com os amigos, um domingo de sol, uma cama quentinha pra dormir até tarde. Coisas que aos nossos olhos, passam despercebidas... 

Escrevo este texto como uma forma de reflexão, pois penso que muitos de nós estamos exigindo muito de nós mesmos, cobrando respostas antes de saber quais são as perguntas, buscando algo sem saber por e pra quê, fixando cada vez mais a busca pela felicidade material, esquecendo-nos da espiritual e deixando de lado o verdadeiro valor da vida. Criamos um mundo onde o trabalho está sendo posto no topo das prioridades – não que não seja essencial em nossas vidas, mas há um limite – deixando para o fim da lista o que seria o primordial, como a família e o amor próprio, deixando que a vaidade e a luxúria gritem o tempo todo em uma busca obsessiva criada por uma ideia fútil de que bens materiais fazem moral ou caráter, não importando se a condição financeira condiz com o sonho de consumo; onde a ganância por dinheiro contradiz os princípios morais, tornando mais importante o lucro financeiro que o espiritual, não prevalecendo nada além disto; onde a mentira e o desejo se sobressaem, criando um paradoxo entre o valor carnal e o familiar; onde a arrogância e a presunção da própria sabedoria tonam cego quem as possui . Tudo isto, somente para satisfazer o ego e mesmo assim permanecer infeliz. 

É preciso sensibilidade e muito trabalho interior, porém, ao deixarmos o exterior de lado, descobriremos que só se sorri de verdade quando se busca de volta aquela criança que viveu dentro de nós. 

Agora volto à pergunta: “A criança que foste, teria orgulho do adulto que és?”

por Patrícia Grah.


3 comentários:

Belo texto. As vezes precisamos parar e nos perguntar se realmente estamos felizes ou se apenas acordamos diariamente e caímos em uma rotina triste em busca de mais e mais. E no final descobrimos que a felicidade não se encontra guardada dentro de um cofre de banco. Muitas vezes ela passa por nós e nem nos damos conta.

Infelizmente muitos tem murmurado por pouco e buscado satisfazer os padrões desse mundo. Quanto as crianças: enquanto não buscarmos a essência delas à nós, estaremos fadados ao fútil e ao irrelevante da vida! O que mais vale nessa vida é viver o bem e amar a Deus, mas infelizmente, ainda há que pense que não depende dEle e sim do dinheiro!

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