3 de outubro de 2012
Melancolia - por Carlos Piske
Meio melancólico hoje. Passei por lugares de minha infância e adolescência. Saudades de amigos que não vejo mais, de amigos que já se foram pra sempre,de nossa alegria inocente sem maldade, de quando competiamos por coisas como o melhor jogador de futebol, nadador, pescador, enfim, coisas que terminavam em abraços e alegria. Andar à cavalo ou de carroça. Roubavamos cana, milho, laranjas, tangerina
s, mas sem dar prejuizo, sem aquela maldade de roubar pra fuder com alguém. É que sobrava e os donos nem se preocupavam, era só por diversão da infância. Saudades de nadar no rio despoluído, de nossas festas de falar sobre sonhos, nem todos realizados. Nossos amores, da azaração, quem fica com quem, das festinhas embaladas por rock, das namoradinhas. Mas a gente cresce e inexoravelmente somos engolidos pela máquina e passamos a competir por outras coisas que não nos deixa tempo de sermos realmente, naturalmente felizes. A felicidade é meio artificial e a competição é antropofágica, deletéria. O amor vira compromisso e nem sempre dá certo. A gente já não sobe mais em àrvores pra colher laranja, a gente compra no mercado, a proximidade se distancia e a melhor parte de nossas vidas é plástica, pasteurizada, nos desumanizamos em certos aspectos mas daí quando começa a surgir o crepúsculo da existência, só temos saudades das alegrias interrompidas. Mas, não é só tristezas. Tenho meus filhos, minha neta, irmãos, a amizade e o carinho de nossas ex companheiras de jornada e os amigos de hoje. Mas a vontade de rever os amigos que fomos deixando nas opções que fizemos na vida se torna grande e daí a gente pensa:" Será que valeu a pena termos deixado nos engolir por essa máquina fria onde somos meras engrenagens? Não teria sido melhor sim plesmente ter ignorado e continuado a ser feliz daquela maneira verdadeira"? Nós temos que repensar o conceito de felicidade.
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