Até parece que Júpiter Maçã pensou no Curupira Rock Club quando compôs a clássica Lugar do Caralho, que ouve-se nos segundos finais do documentário de 2007 sobre um dos mais antigos e emblemáticos palcos alternativos do País. Lugar de gente bacana, que gosta de Syd Barret, Beatles e coisas bem mais furiosas, onde a cerveja é barata e o cachorro-quente, viciante. E onde há 20 anos floresceu, no mais improvável dos cenários – entre os campos e lagos de Guaramirim -, um “antro” de celebração de idéias e sons alternativos cuja máxima sempre foi a liberdade de expressão. Na falta dela, sobram alegria e histórias pitorescas.
Celebrar agora as duas décadas do Curupira pode gerar discussão entre quem acompanha essa trajetória desde o começo. Isso porque a maioria toma os primeiros shows de rock organizados na casa, em maio de 1992, como o pontapé inicial. Mas o proprietário Ivair Nicocelli tem outra referência: um evento da ONG ambiental Aguapé realizado exatamente um ano antes, quando o Curupira nem tinha o “Rock Club” acoplado ao nome. Segundo ele, foi também em maio de 1991 que os primeiros acordes roqueiros foram ouvidos no lugar – antes disso, alguns bailões tiveram vez ali.
Os fins ecológicos que motivaram a criação do Curupira ficaram pelo meio do caminho, substituídos pela causa alternativa. Diz Ivair: “Sempre achei que os roqueiros iriam aderir. Mas vi que eles eram acomodados como os outros. Música é música, atitude é atitude, por isso que e o lugar ficou mais conhecido pelo lado da cultura underground. Fico um pouco chateado, me sinto meio sozinho”. Sendo assim, ele decidiu voltar às origens e rebatizar o lugar, legalmente falando, de Instituto Voluntário Ambiental Curupira Rock Club, a fim de pegar firme nas ações “verdes” com o apoio da comunidade de Guaramirim.
É um capítulo adicional nessa saga, cantada em música, filme e centenas de shows (mais de 800, e contando). Memoráveis, foram muitos. Suor, farra, encontros, sistemas auditivos fuzilados, latas entornadas e odores peculiares, idem. Mas também houve os habituais perrengues e crises que colocaram o clube em xeque, como o hiato entre 2002 e 2004 e o incêndio que quase dizimou o galpão principal em 2009. Ainda falta o livro. Quem se habilita?
Fonte: Orelhada
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