28 de abril de 2011

O Canto do Grillo - O Gigante Gentil

Erasmo Carlos é patrimônio histórico desse país. Apesar de Roberto levar quase todos os holofotes para ele, o Tremendão pra mim é o cara do inicio do rock no Brasil. Acabo de ler a biografia “Minha fama de Mau” (Erasmo Carlos, Editora Objetiva), comprada em estado impecável no sebo, por míseros R$ 15,00. Por favor, gostaria de saber quem tem coragem de vender um ótimo livro desses por menos de R$ 10,00 (porque o sebo tem que tirar o lucro deles). Leitura recomendadíssima, é leve, descontraído, engraçado e acima de tudo emocionante, um pedaço da história musical desse país. 

Durante muito tempo achei o movimento jovem guarda um porre, um bando de Elvis e Beatles mal-acabados. Claro que isso foi antes de me dar conta do valor que a música nacional tem, nessa época de ouvir Beatles, Stones, The Doors , Led e outros rocks gringos, pra mim, Erasmo e Roberto eram coisa de velho.  Ai como era cego esse menino! Roberto e Erasmo são simplesmente a maior dupla de compositores do Brasil com uma parceria que já rendeu mais de 500 canções, me desculpem os fãs incondicionais (assim como eu) de Tom e Vinicius, mas essa é uma marca incrível. O autor de “Festa de arromba” e o rei fizeram várias músicas que todo mundo (por mais que não goste) sabe cantar.

“Tocaram a campainha e fui atender. Tinha 17 anos e vivia com minha mãe – e os gatos, os periquitos e o cágado – no quarto alugado da rua Professor Gabizo. O tal casarão de beleza decadente, com seus azulejos coloniais e suas incontáveis pulgas. Na porta, estavam Trindade, Arlênio e um outro cara, que eles queriam me apresentar. O sujeito morava no bairro de Lins de Vasconcelos e se chamava Roberto Carlos. (...) Gostei dele. Era simpático, usava topete e costeletas e vestia calça Far-West com uma jaqueta vermelha tipo James Dean. Conversamos bastante sobre rock, bebemos água da moringa de barro que eu tinha no quarto e comemos biscoito Aymoré. (...) Na saída, entre abraços e piadas sobre as pulgas, agradecido pela hospitalidade, ele disse a frase que mudaria minha vida: ‘Bicho, aparece lá na televisão.’”

Trecho do Livro “Minha fama de mau” – Erasmo Carlos – Editora Objetiva.

Bicho, o livro é sensacional com o Tremendão solto e de coração aberto falando sobre parcerias, brotos, micos, drogas, bebedeiras, shows, estúdio e tudo mais. Da amizade de infância com Tim Maia, o ano agitado que morou no Brooklin com Jorge Ben ( daí vem o nome do disco “Silêncio no Brooklin” do Jorge Ben), o buraco na parede do vestiário das meninas na Tv Record, das vaias no Rock n Rio e do suicídio de sua eterna Narinha do Coqueiro verde.

Detalhe a presença do Trio mocotó na gravação acima.

É impossível ler o livro e não ficar com vontade de encontrar esse “Gigante gentil” (Apelido dado por Rita Lee). Muito bom vencer preconceitos e aprender com a quebra deles. Já era fã de Erasmo Carlos antes de ler o livro, lógico passada minha fase de rebeldia adolescente.

Mas mesmo hoje adulto, SOU UMA CRIANÇA NÃO ENTENDO NADA.

Carlos Grillo

1 comentários:

Grande Grillo...
Parabéns pela postagem, empolgante e descontraído, me deu bastante vontade de ler o livro também...
Solte o "verbo"... eheheheh
Até a próxima postagem...
Abração!

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