7 de agosto de 2012

Anos 80 e a postura política underground - por Silvio Boppré


Pátria Amada 
Inocentes

Pátria Amada, é pra você esta canção
Desesperada, canção de desilusão
Não há mais nada entre eu e você
Eu fui traído e não fiz por merecer 

Pátria Amada, cantei hinos em seu louvor
Mas tudo o que fiz de nada adiantou
Na boca amarga ainda resta esse refrão
Que diz pra morrer por ti e não importa a razão 

Pátria Amada, como pude acreditar
Em palavras vazias e promessas soltas no ar
Pátria Amada, você me decepcionou
Quando eu lhe pedi justiça você me negou 

Pátria amada! 

Pátria Amada, de quem você é afinal
É do povo nas ruas ? Ou do Congresso Nacional
Pátria Amada, idolatrada, salve,salve-se quem puder! 

Uma das coisas que sinto saudades dos anos 80 é a manifestação política nas letras dos punks e alguns rockers. Em 1985 tivemos o fim da ditadura militar e foi eleito um presidente civil, mas de forma indireta – o congresso nacional escolheu Tancredo Neves, e o lendário Maluf ficou no vácuo. Tancredo morreu, ou foi morto? E em 1989 o povo brasileiro pode escolher seu presidente, após um período sombrio de opressão e controle. 

Vivíamos anos de economia em marcha lenta, inflação altíssima, qualidade dos bens de consumo inferior ao que existia no primeiro mundo e nossa capital era Buenos Aires, segundo alguns jornais e revistas americanos. 

Para algumas cabeças pensantes uma das formas de expressar sua indignação era nas músicas! Mesmo que o nome da música viesse no LP com a frase anexa: “PROIBIDA SUA RADIOFUSÃO OU EXIBIÇÃO PÚBLICA”. Após o último General se aposentar do trono, o país começou lentamente um processo de liberdade de expressão, mas algumas músicas ainda eram censuradas. Só que dj´s e radialistas não estavam respeitando essa imposição. E tocavam bandas que tinham postura política contra o sistema burguês que imperava na década. Punks como Inocentes – a música Pátria Amada tocava nas fm’s na era Sarney, Cólera, Garotos Podres, e rockers como Lobão ou Plebe Rude. E não posso esquecer Cazuza e a maior homenagem à pátria que algum poeta ou músico poderia ter feito. 

Brasil!
Mostra a tua cara
Quero ver quem paga
Pra gente ficar assim
Brasil!
Qual é o teu negócio?
O nome do teu sócio?
Confia em mim... 

Artista que manifestava sua postura política antes de 1985 era proibido de tocar nas rádios e considerado subversivo ou perigoso ao sistema. Mas mesmo assim eles não ficavam quietos! Estimulavam seus fãs a terem postura social e política. 

Outro cara que sabia como expor sua revolta contra o sistema chama-se Angeli. Mestre dos quadrinhos underground! Na sua revista Chiclete com Banana criava personagens que eram caricaturas de nomes da cena cult e decadente da época. E alguns eram seus próprios demônios, que ele precisava por pra fora. E no humor político, José Sarney era o preferido do velho rocker cartunista. Sempre que podia, lascava criticas ferradas ao bigode de jaquetão e sua política econômica inflacionária. Assistam o vídeo que tem abaixo, é uma entrevista recente com o pai do Bob Cuspe e Rê Bordosa. 

Não sei se artistas e público estão satisfeitos com o momento que o país passa. Economia mascarada, copa do mundo superfaturada e chupinhada, acordos políticos para tapar o sol com a peneira, alianças políticas eleitorais... entre outras maracutais e picaretagens. 

Tocar nas rádios e TVs todo momento “ah, se eu te pego” e “eu quero o tchu”, é uma boa forma de estimular o pensamento critico do eleitor pagador de imposto. A alienação e maquiagem dos fatos dão um RESTART na cabeça da população e parecem viver no “país das maravilhas”; aquele um que só a Alice sabe a saída. 

A quem interessa essa alienação? Explicita em rádios, TV aberta, portais de internet, revistas, e não vou esquecer os jornais e seu poder de modular o pensamento da massa. 

No futuro teremos dois tipos de cidadãos. Nós, os desplugados da matrix, e os alienados. Pior de tudo é que todos tem direito, opa, tá errado... todos tem OBRIGAÇÃO de votar! 






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