Segundo especialistas em embriologia, com 4 ou 5 meses de gestação já está funcionando nosso sistema auditivo. Dentro do útero o feto escuta os sons emitidos por sua mãe, e também o ambiente que lhe cerca. Antes de nascer já estamos captando sons e desenvolvendo nossa “memória auditiva”. Aquilo que nos agrada, como o cantarolar da mãe confortando ou barulho do mar. E também aquilo que não nos agrada, como máquinas de obra a mil decibéis ou gritos de discussão.
A música é um elemento mágico para o desenvolvimento saudável das crianças. Libera emoções e estimula de forma lúdica brincadeiras e jogos.
Geralmente as crianças acabam ouvindo e absorvendo além das músicas infantis, também a cultura musical de seus pais.
É comum ver crianças rebolando e cantando versinhos de funk carioca ou alguma dança da garrafa. E tem alguns pais que acham isso normal. Nós não temos o hábito de assistir programas de auditório de domingo. TV aberta muito pouco. Nossa filha acaba não tendo contato direto com a “música” que está sendo vendida na mídia. Felizmente ela tem uma boa estrutura na educação infantil, contato com teatro, música, esportes e mídia adequada, além de livros, muitos livros.
Desde que ela era pequena eu procuro selecionar muita coisa pra escutarmos, mas foi de forma espontânea que ela agregou muitas bandas que nós curtimos. Com 2 anos ela já pedia, pai põe o ACDC da bola (No Bull, que é a turnê do Ballbreaker na Plaza de Toros, Espanha 96, mesma que tocou na Pedreira Paulo Leminske, que eu não fui). Outro show que ela gosta de ver, ou ouvir enquanto brincamos, é o Living with the Past – Jethro Tull, a música Life is Long Song ela parou de brincar para ver, na primeira vez que assistiu. Achou muito bonita a moça tocando violino...
Fui surpreendido várias vezes com ela cantando alguma coisa diferente, tipo falar eu te amo, e ela sair cantando a música do Roberto Carlos, e depois falar que adora Marisa Monte (que foi a versão que ela escutou). Tanto que outra noite, fomos jogar Cara a Cara (jogo de mesa pra duas pessoas) e perguntei se ela queria ouvir alguma música, ela respondeu que só ouviria Marisa Monte. Escutamos os dois Cd’s do álbum Barulhinho Bom, um deles é ao vivo e o outro em estúdio. Quando fomos escovar os dentes ela começou a cantar “Ela só quer só pensa em namorar”...
Uns 15 dias antes de eu ir com minha esposa no show do Eric Clapton no Majestoso Morumbi (é em casa que fazemos as melhores festas...) fui buscá-la na escola, e voltamos escutando no carro um show do Mestre Clapton ao vivo em NY – com Steve Winwood no Madison Square Garden, quando tocou Layla ela perguntou quem estava cantando. Eu respondi quem era e de onde era, e ela me solta: pai eu gosto do Eric Clapton. Foi uma das músicas que fizeram correr algumas lágrimas no show, pois lembrei do episódio e da felicidade de compartilhar uma música tão bonita com ela.
Tem uma coleção chamada Songs for Babies, com versões babysongs de clássicos dos Beatles, Stones, Marley, Pink Floyd e outros. Não gostei do álbum do Led, ficou meio sinistro. Fiz uma seleção das melhores versões e coloquei pra ela num cd. Confesso que dormi com ela alguma vez, enquanto a embalava... hehehe
Muitos dos desenhos e seriados que ela gosta tem uma musicalidade própria e de qualidade. Como a Turma do Cocoricó da TV Cultura, Backyardigans (tem um episódio que rola numa procura da onda perfeita, e rola uns sons no estilo da surf music da Califórnia dos anos 60).
Quando ela tinha um pouco mais de 1 ano gravei um cd com músicas do grupo Palavra Cantada. Até hoje ela escuta com gosto e canta junto. Recentemente comprei um DVD com clips e algumas ao vivo. Tem uma que está proibida de ser tocada. Eles cantam de forma irônica o fato de ganhar um irmãozinho. Segundo minha esposa, a pequena ficou em dúvida em ter mais um irmão, depois que viu o clip. E também escutamos um Cd do Oswaldo Montenegro, trilha musical da peça infantil O Vale Encantado de 1997.
Voltando ao que abordei no começo do texto, digo que quando vejo uma criança cantarolando alguma coisa da “moda”, sei que ela não tem culpa.
“As crianças têm mais necessidade de modelos do que de críticas.” - Joseph Joubert
por Silvio Boppré.
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