A vida, em si, seja ela humana ou animal, é uma sucessão de desafios. Primeiro aprendemos a chorar para pedir comida, para avisar que estamos doentes, que queremos alguma coisa, depois, temos que aprender a difícil tarefa de engatinhar. Em seguida aprendemos a andar. Quantas vezes, em média, será que caímos até aprender andar? Meu Deus...
Depois vem a escola e, aquela maldita matemática. Nunca compreendi porque eu precisava saber o valor do PI (3,14), se até hoje eu não o utilizei em minha vida. Deixa que os (loucos) que gostam disso calculem pra mim! Simples assim.
Não bastasse a matemática, vieram as matérias de física e química, ai meu Deus! Mais cálculos que eu não queria aprender, não queria saber fazer e nem para quê afinal eles serviam. Isso me revoltava, porque eu “não era inteligente”.
Terminar o ensino médio me parecia uma missão impossível. Odiava tanto ir ao colégio que reprovei duas fases por excesso de faltas. Mas nem tudo era ruim: eu gostava das aulas de artes. Era a única matéria que eu tirava dez e recebia elogios. Desenhava tão bem que uma época, enchi as paredes do meu quarto com desenhos meus e todo mundo achou lindo. É, era só disso que eu gostava mesmo. Eu sonhava em saber conversar sobre tudo, mas eu não me interessava por nada...
Não sei como, mas eu me formei. Tirei esse peso dos ombros e realizei um sonho: ter todas as noites livres para não fazer nada. É, acredite, nada! Perdi alguns anos vendo novela e lendo gibis, o que fazia de mais interessante, além de trabalhar, era beber uma cervejinha com os amigos.
Com esta rotina então, eu aprendi outra coisa: não fazer nada era muito chato. Era tedioso e, principalmente, não faria de mim uma pessoa inteligente. Entrei para a faculdade.
Memória enferrujada, ler um livro era um tormento, mas era minha obrigação como aluna, pagante, saber do que aquele trabalho se tratava e, a cada livro novo, a cada trabalho novo, eu ia sentindo uma vontade maior de aprender coisas novas. Percebi que lendo, aprendendo, vivendo mais, eu me tornava uma pessoa cada vez mais segura, mais sábia e comunicativa.
Freqüentava palestras e analisava meus professores. Eu não sabia muito bem o porquê de eu gostar das pessoas inteligentes e por quê exatamente, elas eram inteligentes, mas eu sabia que eu gostava de estar junto delas. Demorou, mas em algum momento eu percebi que esse lance de aprender era fantástico, e que, pessoas inteligentes eram aquelas que agregavam, de alguma forma, algo de bom, algo que eu pudesse colocar em prática no meu cotidiano.
Foi então que fui auto descobrindo-me e, revelando ao mundo coisas que nem eu sabia que possuía, valores guardados em mim, que eu nunca havia me dado conta.
Mas afinal, o que é ser inteligente?
Bom, isto vai da concepção pessoal de cada indivíduo. Uns, acreditam que é aquela pessoa que faz contas fantásticas, guarda nomes, fisionomias ou aprende a tocar um instrumento com facilidade, mas para mim, é algo muito mais simples de relatar, mas difícil de pôr em prática: " - Ser inteligente é ser você. É não ter medo de expor sua opinião. É ter a certeza de que muitas pessoas não irão concordar com você, e mesmo assim defender o que é a SUA verdade. É estar ciente de que nenhuma verdade é absoluta. É aprender aonde e por que buscar conhecimento. É aprender a arte de aprender sem máscaras, sem medos, sem ser negativamente influenciável."
É você viver mil coisas para que, mais tarde saiba avaliar o que foi construtivo, ou não para sua realização pessoal e, de fato, ver novelas não foi nada construtivo.
Descobri que esta “inteligência” que sempre busquei, na verdade, pode ser chamada de “auto confiança”, pois foi quando a descobri que consegui aquilo que sempre vi como meu maior objetivo: ser ouvida! Nem sempre compreendida, nem sempre admirada, mas conquistar meu espaço no mundo como alguém que “sabe causar”.
Quando pequenos, precisamos aprender tudo aquilo que necessitamos para nossa sobrevivência, quando adultos escolhemos o que queremos aprender e com isto moldamos nosso caráter e personalidade, de modo a sermos ou não pessoas realizadas.
Fazer isto com êxito, isto também é ser inteligente, e esta, é a MINHA verdade.
por Patrícia Grah.
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